terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Página 21

Caro companheiro, hoje pensei imenso no rumo que te ia dar, a minha psicóloga pessoal disse-me que já não era necessário continuar com isto do ‘’diário’’, mas de um certo modo até acho que me habituei. Expus demasiado a minha vida pessoal aqui, ao ponto de te contar ao que eles chamam de ‘’crime’’. É por isso, e com muita pena minha que sou obrigado a abandonar-te, para que não restem provas daquilo que fizemos, ou daquilo que iremos fazer.
                E para que fique tudo bem entre nós, vou-te contar mais um último segredo, os projectos vão continuar, independentemente do que aconteceu e agora com mais um membro de bónus.

‘’NIB: 0093 009873487’’. Isto é do nosso ''advogadozinho'' de ouro.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Página 20

O advogado fez o seu papel, não me perguntem como porque eu também não sei responder. Só sei que ele ganhou e o Tiago e a Luísa estão agora livres. Eu também cumpri o meu papel e entreguei em mão a chave vencedora do sorteio de ontem.
                Naquele momento senti uma grande injustiça a correr-me pelas veias, porque estávamos a retirar dinheiro sujo de um sistema corrupto que enganava pessoas e a entrega-lo a alguém que fazia praticamente o mesmo. Não me arrependi do que fiz, porque para mim a amizade é bem mais importante do que qualquer outra coisa, e não era capaz de abandonar dois amigos, para ficar bem na vida.

                Para mim o mais importante é que conseguimos realizar o nosso projecto e voltamos a estar todos juntos, independentemente dos percalços que tivemos e da maneira como acabou. Isso por si só já é satisfatório.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Página 19

O acordo que o advogado exigiu era, ele ganhava o caso e eu dava-lhe o papel com a chave vencedora assim que saísse-mos do tribunal. O sorteio vai-se realizar hoje, dia treze, e é amanhã que o Tiago e a Luísa vão a tribunal.
                Eu falei com o Rodrigo sobre o que ia acontecer, perguntei lhe o que é que achava, afinal de contas ele também tem voto na matéria. O Rodrigo concordou e disse que o mais importante agora eram eles, e não o maldito projecto.

Sendo assim, só nos resta esperar para que o nosso advogadozinho de ouro faça bem o seu trabalho e não nos dê nenhumas surpresas.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Página 18

Hoje fui falar com o amigo da Daniela, ele era um advogado. Um dos melhores dizia ela. Obviamente, ele disse que nos ajudava, ia defender o Tiago e a Luísa em tribunal. Mas para que ele fizesse o seu trabalho correctamente, tinha que saber de tudo, para não ter surpresas da acusação.
                Quando ela me disse ''vai-nos sair muito caro'', eu fui ingénuo e pensei que isso era normal, já que ele era um grande advogado. Mas a Daniela não se referia a isso. Ele de facto era um excelente advogado, mas corrupto. Conhecia tão bem o sistema judicial que brincava com ele para benefício próprio, e só o cargo que ele ocupava, ajudava muito.
                Assim que lhe contei tudo ele disse ‘’Realmente é um caso interessantíssimo, e eu posso ganha-lo se quiserem. Mas lá está tudo depende da vossa vontade’’, cruzando os braços com um sorriso parvo na cara.

                Aquele sarcasmo irritou-me de uma tal maneira. Mas que hipóteses me sobravam?

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Página 17

Desde que eu abri o jogo com a Daniela, ela têm andado muito estranha e pensativa. Eu obviamente dei-lhe um desconto, ainda eram algumas coisas para assimilar, e só o facto de não lhe ter contado logo justificava esse comportamento. Mas parecia que havia algo mais, algo que ela queria falar, mas que não tinha coragem. Então, fiz questão de confronta-la, perguntei-lhe se estava tudo bem, e o porque de ela ainda estar assim comigo.
                Foi quando ela me confessou que trabalha para a polícia judiciária. Uma espécie de detective camuflada de psicóloga. Nem consegui ouvir o resto, fiquei confuso, com imensas questões na minha cabeça, como por exemplo, até que ponto aquilo que nos tínhamos era verdade? ; Ela já sabia do projecto todo, porque é que não me prendeu? ; e a mais importante de todas, Porque é que ela só me está a contar isto agora?
Quando esta ultima questão apareceu na minha cabeça, percebi de imediato o porquê de ela ter sido tão compreensiva comigo quando lhe contei tudo o que se passou. E cada vez se levantavam mais e mais questões.

                Até que os meus pensamentos foram interrompidos pela triste e envergonhada voz feminina que me acompanhava, ‘’eu conheço alguém que nos pode ajudar, o problema é que vai-nos sair muito caro.’’

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Página 16

Não consigo parar de pensar no que aconteceu ao Tiago e à Luísa. Só vim a saber mais tarde pelo Rodrigo que a polícia foi buscar a Luísa ao trabalho, assim como vieram buscar o Tiago a casa. Não deve ter sido bonito de se ver.
                Hoje fui visitar o Tiago à esquadra. Ele disse-me que não havia outra maneira de corromper o sistema, e foi obrigado a expor-se. Depois disso, demorou menos de 24 horas até que descobrissem a casa deles e fizessem e detenção.
               
                Não tive outra opção e contei o que se passou à Daniela. Contei-lhe tudo, o projecto e o final trágico que teve. Surpreendentemente ela não reagiu mal, como imaginei inúmeras vezes. Ficou chocada no início, mas depois só lamentou o que aconteceu e o porquê de eu não lhe ter contado aquilo mais cedo.

                Foi uma longa e calma conversa, discutimos possibilidades, maneiras e estratégias para ajudarmos os nossos amigos. Até que se fez luz na minha cabecinha. O número 13, claro.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Página 15

A polícia, que mais parecia uma SWAT americana, entrou pelo apartamento do Tiago adentro, a arrombar portas e a apontar as armas para tudo o que era canto. Nós os três ficamos simplesmente a olhar, sem qualquer tipo reacção enquanto a polícia se apoderava do espaço e procurava identificar o Tiago. Aquilo parecia um filme, cheio de acção e violência.
Enquanto estavam a algema-lo, cheguei perto dele e disse que tudo se ia resolver, aquilo não passava de um mal-entendido. Ele abanou a cabeça em forma de negação e fez-me um sinal com os olhos em direcção ao chão, foi ai que vi um papel todo amarrotado. Calquei-o e assim que eles saíram apanhei-o.

No papel dizia ‘’Dia 13 – 7,15,19,32,49-1,5’’